segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Noemi Osorio Caringi, cem anos

Poetisa e declamadora Mimi Caringi
Noemi de Assumpção Osorio nasceu em Pelotas em 13 de setembro de 1914. Aos 28 anos, casou com o escultor pelotense Antônio Sicca Caringi, com quem teve seis filhos: Fernanda (1944), Antônia (1947), Leonardo (1949), Ângela (1950), Glória (1953) e Rita (1959), de acordo ao blogue Família Simões Lopes.

Descendente do Senador Joaquim Assumpção, ficou conhecida por seu apelido Mimi e seu sobrenome de casada. Faleceu em 13 de maio de 1993, com 78 anos.

A obra poética de Noemi Caringi inclui "Alma" (1963), "Canto do Amor" (1981), "O Mar na Minha Vida" (1987) e  "Alma em Poesia" (1994), disponíveis na Estante Virtual. Antes já era conhecida como declamadora, uma arte teatral sempre presente nos saraus, recitais e encontros sociais.

Mimi Caringi pertenceu à Academia Sul-Brasileira de Letras, fundada em Pelotas em 1971. Foi nomeada patrona da cadeira nº 6 da Academia Pelotense de Letras, fundada em 1999. Mais recentemente, uma rua do Jardim Europa, no bairro Areal, foi batizada com seu nome.

O Diário Popular recordou o centenário de nascimento da poetisa com a reportagem "Os versos de Mimi", de Jussara Lautenschläger. Leia a seguir alguns parágrafos (v. texto completo).
A poesia sempre esteve presente em sua vida. Diariamente reservava um tempo, em meio às atribulações do dia-a-dia, para colocar no papel seus sentimentos mais profundos sobre o amor, a família, a natureza (ela adorava a praia do Cassino, em especial o mar) e sua cidade natal: a Pelotas das charqueadas, da praça Coronel Pedro Osório, dos casarões e dos teatros. Esta mulher é a poetisa Noemi Caringi, que dia 13 de setembro completaria cem anos. 
Livro póstumo recolheu 48 poesias inéditas.
O lançamento foi em 13-09-1994,
dia em que completaria 80 anos.
Mimi, como era chamada carinhosamente pelos amigos e familiares, também tinha uma grande voz e ao declamar emocionava quem estava a sua volta, conta sua filha Fernanda. "Mamãe era muito carismática." [...]
O grande amor de sua vida foi o escultor Antônio Caringi. Os dois se conheceram em uma missa e não demorou muito para começarem a conversar. O problema que surgiu em seguida, relata Fernanda, foi o seu retorno para a Europa, onde residia na época. Sua estada em Pelotas foi para ver os familiares.  
O tempo passou, porém Caringi não esqueceu o rosto da pelotense que havia conquistado seu coração. Enviava postais com frequência, mas parte da família da jovem não apostava muito no romance. 
Com o início da 2ª Guerra Mundial (1939), Caringi voltou para Pelotas e os dois começaram a namorar. Em 1942 ocorreu o casamento. Da união nasceram os filhos Fernanda, Antônia, Leonardo, Angela, Glória e Rita. A exemplo dos pais, todos têm uma forte relação com a arte. [...]

Finis

Que brilhe um sol ardente de verão
no dia em que eu morrer - que mais me resta?
Morrer olhando um sol, um sol de festa,
Um sol alegre, espetáculo clarão!

Que cantem os pardais em simetria
no dia em que eu morrer: que à despedida
cantem por mim, que tanto amei na vida,
com esta alma cheia de poesia!

Nem dobrem sinos tristes finados...
Mas todo o amor feliz dos namorados
ecoe no ar, em beijos mil dispersos...

No dia em que passar meu funeral
cantem as rosas pelo roseiral
- todas as rosas que eu cantei em versos!

Noemi Caringi
Revista da Academia Pelotense de Letras, volume 1, nº 3 (2007)

No Monumento às Mães (1959), Antônio Caringi
esculpiu a figura de sua esposa Noemi.
Imagens: Diário Popular (1), Traça (2) Viva o Charque (3)

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