domingo, 29 de setembro de 2013

Saudação aos poetas

A palavra essencial é o título do texto abaixo, que a Professora e Poetisa Loiva Hartmann escreveu para o Diário Popular (v. na edição de hoje 29-9). O artigo homenageia os poetas, especialmente os pelotenses, que na próxima Feira do Livro terão destaque na programação, em alusão aos 160 anos do nascimento de Francisco Lobo da Costa (1853-1888). Leia também Lobo da Costa, poeta de 34 anos.



Oleiro dá forma ao material.
O poeta, qual cirurgião, rasga e desnuda a carne da palavra e a expõe ao leitor. Sem máscaras, dialogam. Percorrem juntos as veredas do viver. Compartilham afetos, inquietações, alegrias, angústias, verdades.

O poeta é o oleiro dos sonhos que vai trabalhando o barro da palavra humana, com a mente mergulhada no infinito e com os pés fincados na terra.

Segundo Elvo Clemente, a imagem mitológica de Prometeu, os textos estudados na Teologia cristã, tudo leva à contemplação do Ser Supremo. O artista tanto imita o Criador - que busca a sua palavra na essência do Verbo - que, por um ato de amor eterno, humanizou-se, revestindo-se de nossa carne, identificando-se com a nossa pobre e ingrata palavra humana.

Poesia concretista
A verdadeira poesia eleva-se acima do pobre barro humano para abeberar-se na essência da poiesis que é Deus, sem o que não passa de mísero balbucio.

A carpintaria literária do poeta deixa claro ao leitor, observador, que, mais difícil, mais humano e mais belo do que escrever, é convencer. E justamente aí está o universo pleno do texto.

Sendo a literatura expressão dinâmica do homem e suas circunstâncias de espaço, tempo, cultura e ideais, sempre diante de horizontes sem fronteiras, nesse espaço sagrado o autor movimenta-se com liberdade, e mais: no universo pleno de seu texto, à medida que amadurece, aprimora seu discurso, tornando-o cada vez mais conciso. Da adolescência à maturidade, o impulso e a força vital para criar provêm das esferas mais ocultas do ser: da ingenuidade à sensualidade madura, à exigência de realização em todas as nuances do humano.

Quão perceptíveis as marcas do amor. A ferro e fogo, fixa sua logomarca, a qual permanece indelével até ao final de nossos dias. A experiência literária e a habilidade linguística funde-se com a expectativa do leitor: pré-forma de nova compreensão de mundo. Cumpre com maestria a mais significativa função da literatura: na alteridade – a cumplicidade.

Professora Loiva (E) recebeu o brasão da Academia
Pelotense de Letras, de Zênia de León (v. notícia de 2006)
Caro poeta, dispensas adjetivos. Que bom que existes! E que privilégio para uma comunidade, teres enveredado para as letras.

A seara oferecida aos jovens ultimamente, é limitada. Mas, havendo lígias, sclyares, clementes, lyas, zanotellis, szechires, alguns poucos mais, há horizontes a descortinar, futuro possível.

Minha homenagem a quem, além de escrevinhadores, são partícipes constantes do universo cultural da Zona Sul.

Loiva Hartmann
Mentora da Jornada Cultural de Pelotas
Patrona do blog Pelotas, Capital Cultural

Imagem poética de Nauro Júnior 
Imagens: Mundo Insólito (2), L. Hartmann (3), Facebook (4)

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