segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Don Giovanni: Luísa Kurtz volta a São Paulo

Nosso correspondente Nathanael Anasttacio presenciou a estreia, esta quinta (12-9), de uma nova montagem da ópera de Mozart "Don Giovanni", no Teatro Municipal de São Paulo (v. notícia). A temporada se prolonga até dia 22. A novidade cênica é que o personagem Don Juan é equiparado a um Drácula namorador, rodeado de vampiros e vampiras.

A importância para nós, pelotenses, é que um dos papéis principais é desempenhado pela soprano Luísa Kurtz, formada em canto no Conservatório da UFPel e nos recitais da Sociedade Pelotense Música pela Música. Em junho passado, Luísa protagonizou outra ópera, no Teatro São Pedro da mesma capital (v. nota deste blogue). Pelotas forma grandes talentos, mas não tem espaços para que eles atuem e cresçam.

Construído em 1911, o Municipal de São Paulo (v. história) foi palco da Semana de Arte Moderna de 1922
Ópera pela música
música pela música

etapa
e tapa o que representa com aplausos
a voz desliza
lírica
O coro
A pele do personagem

coralista
música pela música
rima pela cisma
ópera pelo aprender

e o ensinar é operístico

Etapas ... aplausos
caracteres
Míticos

Visão do palco fechado e do fosso da orquestra, desde a geral do teatro, quinto andar ao redor da plateia

As primeiras impressões no êxtase/frenesi na frente do Municipal não disfarçavam-se em simples percepções. Pessoas pegavam o material gráfico em seus trajes de palco. Municipal. O palco de São Paulo. Meu local: C.11. Plateia. 5º andar. As cadeiras vazias começam a preencher expectativas. A única vantagem do 5º andar é ver o lustre "bem de perto" e os detalhes adornados do teto.

As minúcias dos copartícipes/plateia. A música clássica ao fundo. Jovens, e não tão jovens, lotam as cadeiras até então desocupadas ... um leve alvoroço. Lentamente os signos de repetição em looping. Faltam 20 minutos para o começo do espetáculo.

A orquestra ocupa o fosso. O perfume extravagante de alguém que assiste impregna o ar que todos respiram. Provavelmente haja algum atraso, comenta uma senhora com vestes que combinam com o veludo vermelho das poltronas. O teatro respira. Vozes misturam-se ao som ambiente e o som ambiente são as vozes que se misturam. Cultura embutida em tudo que nos cerca e adorna. No lustre há um rosto que sorri.

Poucas salas na América Latina têm o privilégio de presenciar óperas com tradução da letra.
Minha posição é horrível, mas a ópera segue assim que a cortina sobe. Há personagens bonitos. Outros nem tanto. Há o cenário magnífico com movimento coreografado/cronometrado. São tantos pares de olhos e ouvidos atentos e a legenda em LED e tempo real suprindo nosso parco italiano. O clássico casa-se com o moderno na industria do entretenimento. O palco é uma moldura gigante. O conteúdo é uma lição de comportamento humano que desenrola-se entre mazelas e perfídias combinadas.

Na plateia, vestidos longos e mais perfume no intervalo entre os atos. Fila no café e, pasmem, não aceitam cartão de crédito. Ouço um violino e isso é novo para minha percepção/sensações. Ar romântico propício/gregário. O espetáculo recomeça com seu teatro cantado, cenário, figurino, atos pontuais e dentro dele um baile de máscaras muito bem cabido. Tememos a luz, diz um personagem no alto de sua maquiagem. A Ópera acaba.

Além de familiares seus, Luísa recebeu nosso correspondente.
Na sala de agradecimentos, encontro a simpática Luísa Kurtz, que representou Zerlina tão majestosamente.

Pergunto, com minha ingenuidade típica, o que ela está sentindo após ser ovacionada no Teatro Municipal de São Paulo.

Ela responde que vencer etapas é o caminho natural de quem busca seu caminho nas artes, e na vida.

ANASTTACIO N.
correspondente em SP




Fotos: N. Anasttacio

2 comentários:

Sílvia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Theatro Municipal do Rio de Janeiro, de São Paulo, etc. A maioria das capitais culturais do mundo, têm o seu Teatro.
Em Pelotas, os nomes são outros. Mas temos dois Theatros: ambos representam a pujança cultural que sempre nos caracterizou: das charqueadas até hoje.
Essa é a verdadeira face da cidade: cultura em sua melhor expressão. Assistimos encantados à recuperação de nossos theatros. Não há porque retirar o h de suas denominações. Tradição é entalhada no mármore do tempo. Imutável.
Podemos e devemos atualizar o que o tempo desfaz, apenas isso.
Certamente veremos atuações memoráveis. No entanto, mesmo com as marcas do tempo, nossas duas casas não deixaram de mostrar ás novas gerações bons espetáculos. Recuperadas, teremos o apogeu do que significa alto nível, em apresentações teatrais, musicais.
Excelentes reportagens de NAnasttacio. Medalha de honra para suas escolhas e o capricho com que nos passa as mesmas.
Meu abraço fraterno, prof.ª Loiva Hartmann