quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Cemitério de pneus e pecados

Este depósito de pneus não é um simples lixão, visão desagradável em si mesma, nem somente um gigantesco foco de dengue. A imagem mostra como um projeto bem intencionado é detido pela burocracia e pela política mal conduzida.

Os pneus velhos podem ser reutilizados na indústria (v. reportagem do Jornal da Globo), na arte (v. esculturas à base de borracha) e na ecologia. Em 2008, o arquiteto pelotense Fernando Caetano criou uma forma de aproveitar pneus radiais na confecção de tubos hidráulicos, chamados ecotubos (veja notas da Prefeitura, da EcoAgência, do jornal Minuano e do Correio do Povo).

O projeto não foi continuado e os pneus se acumularam no Ecoponto, antiga olaria na avenida Francisco Caruccio 468. Um desastre evitável e em progressivo aumento, mas invisível para as autoridades. Se não ferem a legalidade, pelo menos são testemunhas da estupidez humana.

A denúncia foi feita em 2010 pelo antigo Amigos de Pelotas. No mesmo ano, Nauro Júnior filmou os pneus e escreveu o texto abaixo no blogue Retratos da Vida.

Pneus abandonados têm moradia clandestina. A imagem sugere que estão organizados e atentos.

Uma novidade lançada em Pelotas em abril de 2008, até agora parece não ter saído do papel, ou melhor, de um depósito onde estão jogados milhares de pneus velhos. Segundo o zelador do local, mais de 5 mil toneladas de pneus estão acumulados em um terreno na periferia da cidade. 
Os pneus são de um projeto chamado Eco-Tubo, que nasceu para resolver os problemas de esgoto a céu aberto. A empresa fazia tubulação de esgoto com os pneus, que chegava a custar 75% do valor dos tubos de concreto, mas por causa de uma pendenga com a Prefeitura o trabalho deixou de acontecer e o depósito em uma antiga olaria cresce cada vez mais. 
Moradores da localidade reclamam e dizem que o lugar pode se transformar em um foco de mosquito da dengue e, se não for resolvido o problema, eles vão colocar fogo nas montanhas de pneus.
Nauro Júnior
Foto: ONG CEA

Nenhum comentário: