domingo, 23 de setembro de 2012

Nauro obteve a foto sonhada, antes do Bra-Pel

Os clubes Brasil e Pelotas existem há cem anos e formaram uma rivalidade local muito forte, até o ponto de violência entre os torcedores. Parecido a como irmãos dentro de uma família podem brigar e se odiar, mesmo tendo a mesma origem.

Hoje (23) se realizou o Bra-Pel nº 351 e antes do jogo o fotógrafo Nauro Junior pôde fazer a foto sonhada há anos, aquela que mostra espontaneamente como essa fraternidade pode ser vivida, até nos momentos de certa tensão. Abaixo da foto, leia o que ele mesmo comentou.

Também hoje Sérgio Cabral escreveu em sua coluna Bola pra frente sobre o caso dos namorados que torcem pelo Brasil ele (Pablo) e pelo Pelotas ela (Amanda), com a foto dos dois juntos, na edição impressa. Estes exemplos parecem pouco significativos fora de nossa cidade, mas são um modelo de convivência, em geral, para torcidas, partidos políticos e grupos religiosos.

Esperamos que este dois torcedores tenham saído do jogo na mesma paz, pois desta vez o placar foi um a zero (para o lado rubro-negro). Assim como a foto de costas sugere igualdade na esperança, a de frente mostraria alegria e tristeza, uma emoção em cada rosto.
Sempre pensei em fazer uma foto como esta em um BraPel; hoje eu consegui.
Penso que este deveria ser o espírito do BraPel. Mas não é bem isto que a gente vê.
Se alguém compartilhar, não esqueça que esta foto tem um autor e que levei 16 anos para ver esta cena.
Foto: Nauro Jr.


POST DATA
25-09-12
Nauro Júnior reporteou um caso de sã convivência de torcedores rivais dentro de uma família, em Bra-Pel e respeito sobre duas rodas. Veja o relato bem-humorado do filho mais novo:

Em casa, somos 4, sendo, meu pai e meu irmão mais velho Pelotas, minha mãe Farroupilha e eu Xavante. Juntando a parentada toda, a maioria são xavantes e, sempre existiu a rivalidade sadia entre nós. A cornetagem sem fim antes do jogo e, principalmente depois, por parte de quem ganha. Agora, meu irmão mora em São Paulo, então, só eu e meu pai acompanhamos os times de perto.  
No domingo, dia do jogo, começou a provocação logo cedo, por volta das 10h, quando acordei, abri minha casa (que é ao lado da do meu pai) e coloquei o hino do Brasil a toda altura no rádio. Em questão de 2 minutos, ele respondeu, colocando o hino do Pelotas no rádio dele. Dali em diante, foi só corneta, um sacaneando o outro. Quando saímos em direção a casa de minha avó, onde almoçamos, já estávamos fardados. Lá, brincamos mais um pouco e, na hora de sair, ele também já estava de saída, então, ofereci carona pra ele, pois ainda iria buscar uma amiga que foi pra torcida xavante comigo. Então, só levei ele até lá e retornei pra buscar minha amiga.  
O que me impressionou, conforme postei no face, foi a grande quantidade de pessoas que apontavam, mostravam uma pra outra a cena, infelizmente estranha, de dois rivais juntos. Alguns simplesmente olhavam, outros faziam cara feia, e teve um casal de idosos que nos viu na sinaleira da JK com Domingos de Almeida e o senhor nos aplaudiu, fez sinal de positivo e, ao atravessar a rua na minha frente, nos parabenizou.  
Isso me deixou um pouco chocado, porque as pessoas, de modo geral, ainda vêem rivalidade como sinônimo de inimizade. Mas minha relação com meu pai e com vários amigos torcedores do Pelotas sempre foi de brincadeira. Não há situação mais gostosa que a de provocação, aquela brincadeira sadia entre rivais. A corneta, as críticas ao adversário, se feitas e aceitas de maneira sadia, em tom de brincadeira, dão um sabor único a um clássico como esse. Bom seria se todos pensassem assim.  
Imagina como é na minha família, onde há bastante torcedores do Pelotas e do Brasil. É um frege só, um "caindo" na cabeça do outro. É esse clima que tem que existir no futebol. Meu pai é meu ídolo, mas é humano; então, tem esse defeito de torcer pro time errado. kkk Grande abraço Nauro!

Um comentário:

Francisco Antônio Vidal disse...

Cultive Ler comentou a mesma foto:
http://www.cultive-ler.com/2012/09/um-poema-azul-vermelho-preto-e-amarelo.html