domingo, 24 de junho de 2012

O Chimarrão de Vítor com Juliana


A cantora nativista Juliana Spanevello recordou sexta (22) em seu blogue o primeiro encontro que teve com Vítor Ramil por ocasião da nominação ao 22º Prêmio da Música Brasileira (leia o post).
Em junho de 2011 ela foi indicada como melhor Cantora na categoria Regional, junto com Margareth Menezes e da Elba Ramalho. Os candidatos a Melhor Cantor Regional foram Gilberto Gil, Renato Perreira e Vítor Ramil (veja a lista completa).
Para noticiar a nominação dos gaúchos, Zero Hora reuniu os dois na casa de Vítor em Pelotas, e eles cantaram "Chimarrão" (álbum Delibab) com música de Ramil sobre poema de João da Cunha Vargas. O fotógrafo Nauro Júnior registrou e Thiago Tieze editou o vídeo acima, com imagens ilustrando frio, na praia do Laranjal.
A distinção entre MPB, regionalismo e world music não é clara, especialmente em Ramil, que já compôs um samba, milongas brasileiras e música sem identificação regional alguma. No entanto, esta canção não esconde o seu arraigado amor pelos costumes gaúchos, tanto na letra como na melodia. Só faltou à dupla, para passar o frio e parecer mais gaúcha, uma cuia com mate e água bem quente.

Chimarrão
(V. Ramil / J. C. Vargas)
Velho porongo crioulo,
Te conheci no galpão,
Trazendo meu chimarrão
Com cheirinho de fumaça,
Bebida amarga da raça
Que adoça o meu coração.
Bomba de prata cravada,
Junto ao açude do pago,
Quanta china ou índio vago
Da água seu pensamento
De alegria, sofrimento,
De desengano ou afago.
Te vejo na lata de erva
Toda coberta de poeira,
Na mão da china faceira
Ou derredor do fogão,
Debruçado num tição
Ou recostado à chaleira.
Me acotovelo no joelho,
Me sento sobre o garrão
Ao pé do fogo de chão,
Vou repassando a memória
E não encontro na história
Quem te inventou, chimarrão.
Foi índio de pêlo duro,
Quando pisou neste pago,
Louco pra tomar um trago,
Trazia seca a garganta,
Provando a folha da planta,
Foi quem te fez mate-amargo.
Foste bebida selvagem
E hoje és tradição,
E só tu, meu chimarrão,
Que o gaúcho não despreza
Porque és o livro de reza
Que rezo junto ao fogão.
Embora frio ou lavado,
Ou que teu topete desande,
Minha alegria se espande
Ao ver-te assim meu troféu,
Quem te inventou foi pra o céu
E te deixou para o Rio Grande.

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