quinta-feira, 17 de maio de 2012

La Guerrilla, graffiti em quadros

Hoje (17) à noite inaugura-se a mostra coletiva "La Guerrilla", a segunda exposição na galeria de arte JM. Moraes (e em Pelotas) que apresenta obras do gênero "grafite urbano". A anterior foi "Lá da Rua", em março de 2011 (veja a nota).

Nesta ocasião, Jotape Pax, Bero, Ges e Veiz trazem quadros no estilo rabiscado e desenhos caricaturizados, ao redor de uma crítica ao modo de vida atual. Os artistas trazem personagens e temáticas urbanas para dentro da galeria e, de contrabando, as angústias caóticas do que se vive nas ruas, nos ambientes fora do aconchego do lar.

A diferença entre este grafite de galeria e o velho graffiti de rua é que este expõe somente em espaços abertos e de modo clandestino, em protesto explícito contra o modo de vida estabelecido, e sujeito a que as obras sejam apagadas pelos proprietários de casas e muros, ou deteriorados sob o efeito da imtempérie.

Os mesmos artistas organizaram a vernissagem na galeria do Ágape Espaço de Arte (Rua Anchieta 4480) num formato que permite recordar ao máximo o clima de agitação e contravenção que inspira normalmente o graffiti, com música de acompanhamento e muitos detalhes que confirmam esse clima. A visitação pode ser feita desde amanhã (18) até o sábado 9 de junho (10-12h).

O seguinte texto, assinado pelos quatro expositores, explica o sentido do tema e do título "La Guerrilla".

É tempo de mudanças. Gerações se cruzam em meio a multidões aceleradas. Apressadamente dirigem os olhares que procuram encontrar um filete de céu azul em meio à fumaça e à desordem. [...]

É tempo de conflitos. Meus heróis já não vivem mais e minhas referências são ilusórias. É preciso correr, lutar e buscar forças naquilo que ainda me resta.

A vida e suas trincheiras me fizeram um homem frio. O amor está em mim mas à espera por um resgate verdadeiro e caloroso. Finco minha bandeira em solo inimigo, e a partir daqui sou eu e mais ninguém. Minha dádiva vem de algo que nem eu mesmo consigo ver. Tenho medo de seguir adiante, mas de jeito algum olho para trás.

Tudo é instintivo. Vivo em meio ao devaneio metropolitano, minha selva é puro concreto e aço. Tento não desistir, mas minha visão agora turva não me deixa escolhas a não ser lutar cego e sem direção.

É tempo de sobrevivência e sei que, se eu não aceitar esta guerra contemporânea, neste meu mundo jamais haverá paz.
Jotape Pax, Bero, Ges e Veiz
Imagens dos quadros: F. A. Vidal

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