quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Poema ácido sobre a morte da inocência

Nathanael Anasttacio autografa, esta sexta (11) na Feira do Livro, seu livro de poemas de crítica social "Teoria do Te-Vira". A obra já está à venda na Livraria da UFPel, em formato impresso, e pronta para o lançamento em formato eletrônico. A divulgação será feita em diversos lugares de Pelotas, para promover o trabalho da organização Gesto, à qual foi destinado o dinheiro que for obtido das vendas.

Sobre este trabalho, a professora Loiva Hartmann escreveu o seguinte:

A palavra em quaisquer de seus suportes: esse é o insight do talento de Nathanael Anasttacio. Multimidiático, percorre quaisquer desses caminhos com desenvoltura. Seus poemas têm a energia e a indignação do jovem diante de uma sociedade em desestruturação. Ou será que sempre foi uma grande farsa e, hodiernamente, diante de tantos meios de exploração da realidade, a farsa está mais exposta?

A literatura é o reflexo da trajetória de um povo. E o jogo proposto por NAnasttacio, numa linguagem despojada e atrevida, própria dos jovens, desnuda o escrevinhador engajado em sua realidade, com a coragem necessária para a denúncia, mas, com a ternura característica que traduz o talento literário. Convido o prezado leitor a me acompanhar nessa prazerosa leitura.
Prof.ª Loiva Hartmann (UBE/IJSLN/IHGPel)

O estupro da minha inocência

Despindo-me de tudo que acreditava

Meu psiquiatra fala que é um processo natural
Eu acho de muito mau gosto a piada

A violência com que o viver me pegou
Um toque áspero e um perceber estranho
Uma sensação de medo profundo

Medo de que nada aconteça
Medo de que os culpados sejam os inocentes de ontem
Medo de que tudo que me foi ensinado esteja errado

A beleza do que havia visto um dia ... sumiu

Enterrada sob camadas de leituras sensoriais possíveis
E só agora vejo isto ...
E então percebo que minha pureza não resistiu

Fui me distorcendo de tal forma
Que o que é feio passou a ser belo
E o passar dos entendimentos foi crescendo
Tornando a realidade uma estante vazia

Quem mais não viu ?
Pois todas as testemunhas disseram estar dormindo
Enquanto meus olhos eram rasgados e o mundo vinha invadindo
Ninguém viu ... ouviu ... ou refletiu sobre isso

Sobra para a vítima o silêncio sobre o ocorrido
Se seus olhos não tivessem sido abertos
Como enxergar o que se deixou para trás ?

As malas
A chave na porta
O carro na calçada

Quem era livre ... hoje em dia não é mais isento
E a inocência sinceramente ... era o que dava beleza
A esse caos insano

A violação dos padrões aceitos
Quando se polui as normas e transgride as regras dos modos
Sem nunca desconstruir a regra do tempo
O que nasce ao seu tempo ... tem o tempo de evoluir

E na minha inocência
Só queria mudar o mundo ...
Aquele mundo que só existia

... na minha ignorância
Nathanael Anasttacio

Fotos da web

Um comentário:

Anônimo disse...

Nathanael. teu livro chegou aqui na VAng de RG. To curtindo, muito bom teu trabalho e o melhor é que é poesia social, engajada... ótimo!