domingo, 20 de fevereiro de 2011

"Bastien e Bastienne" estreia em Pelotas

Francisco Dias da Costa Vidal redigiu o seguinte comentário sobre a apresentação de Bastien und Bastienne, KV 50 (ou 46b) de Mozart, por primeira vez em Pelotas, dentro do I Festival SESC de Música. O cronista de arte não menciona o lado fraco deste grande encontro musical: o pobre material de divulgação para imprensa, que por certo dificulta também o trabalho de um crítico.

No Diário Popular, que não destina espaço à crônica de arte nem à crítica especializada, somente a colunista social Marina fez um relato do concerto, em um parágrafo (leia).

É interessante destacar que esta miniópera cômica foi filmada com crianças, em 1979, pelo diretor francês Michel Andrieu (dir.). No vídeo abaixo, veja o trecho inicial do filme (105 min em total).


Deste concorrido, movimentado e exitoso Festival Internacional de Música, por certo o genial Mozart (1756-1791) não poderia estar ausente e a mostra de sua criatividade ocorreu no breve transcurso de sua picaresca ópera Bastien und Bastienne, posta em cena e intensamente assistida em nosso Theatro Guarany.

De início se tornou notório o excelente ritmo da peça, tão bem musicada pela Orquestra Unisinos e simultaneamente traduzida em legível e imediata divulgação, sem prejuízo nem do texto original, nem de sua musicalidade, aliás belamente vocalizada pelo disposto e bem ensaiado elenco.

Ao compor esta ópera, o talento do jovem Mozart recém dava demonstração de uma enorme amplitude e qualificação. Nesta quinta-feira 10 de fevereiro, essa “artística brincadeira” (Singspiel) captou a atenção dos presentes e, a muitos de nós, incluso o cronista, por primeira vez nos possibilitou: assistir com curiosidade, admirar e apreciar o primeiro trabalho de iniciante a um trabalho difícil, abrangente e sutil em seus detalhes e arremates. Assim, pudemos aplaudir longamente o gênio de um autor que, vindo ao mundo há mais de dois séculos, sempre será alvo de merecido festejo e valorização por sua ampla e qualificada obra, profundamente marcada por um talento inato, mas pelas adversidades que soube enfrentar e vencer com coragem e fé inabaláveis!

A curiosa aparição (na abertura desta obra de Mozart, de 1768) de um trecho melódico da Sinfonia nº 3 de Beethoven, de 1804, deve-se ao acaso (e não a um plágio de Beethoven, que não a conheceu), diz o verbete em inglês da Wikipedia.

3 comentários:

Anônimo disse...

É incrível, mas em Pelotas, uma cidade de apreciável cultura, seu principal jornal não acolhe os comentários de arte de uma pessoa qualificada como Francisco Dias da Costa Vidal. Por outro lugar reserva espaços enormes para certos nichos de pura banalidade, onde seu cronista principal cobra ingressos de seus "convidados" quando faz festa de seu próprio aniversário. Todo mundo sabe do que estou falando. E o tal jornal se presta para engrandecer tal mediocridade.

Mas, dizem que virá para nossa cidade, em muito breve, um novo jornal, moderno, que haverá de abrigar os trabalhos de um antigo cronista qualificado como o que citei. Pobre Pelotas e triste veículo, que cada vez - afirmam - perde mais leitores. As pessoas precisam gostar do espetáculo de arte que assistiram, e muitos gostariam de compreender certas passagens que só um especialista sabe enfatizar. Rubens Amador.

FRANCISCO CARLOS COUTO DE MORAES disse...

Curiosamente, desde que enviei um pequeno comentário a propósito da notícia sobre o grande Renato da Flauta, neste “blog”, comecei a me lembrar do professor FRANCISCO DIAS DA COSTA VIDAL e seu incansável trabalho no apoio à música chamada “clássica” em Pelotas, há dezenas de anos. Sentia saudade dele. E, casualmente, hoje à tarde, quando estava na casa da minha Mãe, que está doente, incapacitada de falar, mas era amissíssima do professor Vidal, me lembrei muito dele, sentindo a falta de seus comentários, sem ter lido ainda este artigo. De modo que não poderia ter ficado mais contente do que ao ver este comentário, ainda mais pelo assunto – Mozart e o Festival Internacional de Música. Concordo com a opinião do Rubens sobre o professor Vidal (evidentemente), e também não poderia ser melhor para mim saber que os artigos dele voltarão a ser publicados. Agradeço a informação sobre o filme.

Francisco Antônio Vidal disse...

Caro Francisco: obrigado pelos conceitos e pela leitura assídua.
Os artigos de meu pai poderão ser publicados ou republicados aqui no blog, mas não na imprensa escrita (ainda), pois que eu saiba ele não foi convidado a participar no novo jornal que Pelotas dizem que terá. A RBS está trabalhando para isso mas não o disse oficialmente. Também não sei quem será o "antigo cronista qualificado" que o sr. Rubens cita.