terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A casa que foi "visitada" duas vezes pelo trem

O descarrilamento de um vagão no bairro Fragata, na madrugada de 6 de novembro de 2006, acordou a população e deixou alarmados os vizinhos da linha do trem. A manchete do Diário Popular no dia seguinte foi: "Vagão descarrila e assusta moradores". Mas deveria ter sido: Trens infernizam a vida da população mais humilde.

O fato não pode ser banalizado, pois o contexto é de perigo constante, sem que o governo e a empresa concessionária melhorem a situação (apitos dia e noite, interrupções do trânsito urbano, acidentes e até suicídios).

Segundo a notícia do jornal (leia), o fato ocorreu pouco depois das 2h, quando um dos vagões de um trem vindo de Santa Maria caiu a uns 20 metros da Av. Dom Pedro I, derrubando um poste e a cerca de uma casa. Parte da carga (50 toneladas de soja) ficou espalhada pela rua, formando um tapete amarelo, e alguns vizinhos aproveitaram para se servir dos grãos.

Com o estrondo, a dona de casa Cátia Beatriz Oertel, de 38 anos, acordou e saiu sobressaltada de sua casa, na rua Frederico Bastos. Deparou-se com o vagão tombado a menos de cinco metros de seu portão.

— Foi um susto muito grande, não desejo isso para ninguém — comentou.

Também em pânico, o resto dos parentes saiu para ver o que acontecia, indiferentes à chuva. Era a segunda vez em 12 anos que um trem descarrilava diante da casa da família, que vive ali há 60 anos. Da primeira vez o imóvel foi completamente destruído.

— Depois disso tenho vontade de ir embora — disse a mãe de Cátia, dona Honorina, de 75 anos.

Em março de 2010, houve um descarrilamento maior (esq.) próximo à Vila da Quinta, em Rio Grande (veja a matéria).

A América Latina Logística (ALL) administra por concessão as ferrovias do norte da Argentina e as do sul do Brasil que pertenciam à extinta RFFSA. Como não transporta pessoas, as estações ficaram desativadas, a população é excluída das decisões e a empresa utiliza material velho ou em mau estado.

Em Pelotas, o prefeito Fetter tem consciência do problema e planeja, como medida paliativa, tirar a linha férrea do setor urbano. Mas o problema de fundo é bem maior.
Fotos: DP

2 comentários:

tkau disse...

Não é querer diminuir o problema do barulho do trem que sem dúvida deve incomodar muito mais pessoas mas o bar gay (desculpa se ficou preconceituoso mas a ideia era realmente essa) da esquina da R. Alm. Barroso com a R. 3 de Maio ta correndo atrás e logo logo vai ta infernizando tanto quanto o maldito trem.
Ser vizinho desse bar incomoda. Mas fazer o que? Em todas ligações para o 190 a desculpa é sempre a mesma, não há viaturas.

Ta tudo bem que eu fuji um pouco do assunto mas não podia perder a oportunidade.

Francisco Antônio Vidal disse...

Sobre o barulho noturno posso fazer uma notícia se vc tiver fotos e mais informação. A boate do lado da minha casa sofreu um processo e teve que fechar, por não contar com os documentos legais. O Bar Bolicho (Teles esquina Gonçalves) também foi fechado pelos protestos dos vizinhos, mas isso tem que ser mediante ações judiciais.