terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Teia Ecológica, defronte ao Central Park pelotense

Em setembro de 2008, o Amigos de Pelotas publicou minha segunda crônica de gastronomia assinando como Slow Food (veja o post). Esta pauta e a anterior (Croasonho Café) foram sugeridas pelo editor Rubens Filho. O pseudônimo foi escolhido por mim, para escrever com liberdade sobre quatro temas diferentes, que com o tempo ficaram em somente dois (cultura e restaurantes).

Slow Food é um movimento gastronômico europeu, contrário à fast food.
Pioneira em Pelotas na crítica de restaurantes, a coluna durou dois anos, até julho passado. Em 2009 apareceram outras duas: o Papo na Mesa – que durou um ano no Diário da Manhã – e o blogue Vigília Gastronômica.


Pelotas tem poucas opções vegetarianas (e todas elas são para almoçar). A única totalmente natural é o restaurante da Cooperativa Teia Ecológica, que não usa ingredientes artificiais nem tipo algum de carne. É, portanto, um ovolactovegetariano, pois só inclui: produtos vegetais sem agrotóxicos, leite natural e ovos. Os únicos adoçantes aqui utilizados são: stevia em pó e açúcar mascavo.

O buffet do “Teia”, como é conhecido, desmente os preconceitos de que a comida natural não seja gostosa ou de que não deixaria a pessoa satisfeita.

Para começar, por exemplo, junto às saladas mais típicas (tomates, cenoura, beterraba), encontramos a original mistura de trigo com passas e uma salada de crutons de pão integral – de sabor forte, bem equilibrado com vegetais. Combinação preferida deste colunista é o trio verde: alface, rúcula e agrião.

Dos pratos quentes, os clientes preferem o arroz integral com brócolis – consistente, agradável à vista e ao paladar. Pode ser acompanhado com nhoques de cará (tubérculo parecido ao inhame), tão ou mais saborosos que os de batata.

Um manjar a ser desfrutado diariamente é o pastel de cenoura com castanha. Também há “carne vegetal”, à base de soja. Entre os sucos, o de butiá tem uma acidez bem suavizada, semelhante à da laranja. No momento da sobremesa, arroz-cateto não integral, leite de vaca e açúcar mascavo fazem um convidativo arroz-doce, cremoso e de aparência acaramelada. Em vez de café, sugere-se o banchá, um tipo de chá-verde envelhecido.

Em nossa visita, gastamos até menos que num restaurante comum: 8 reais, incluído o suco em copo grande, mais a sobremesa na balança (R$ 2,80), somando R$ 10,80.

O estilo do Teia é natural em tudo, em coerência com seus princípios ecológicos. Os móveis são semi-rústicos, as mesas são decoradas com azaleias, o atendimento é gentil e simples. As bananeiras do jardim (à direita, foto de 2008) também alimentam o cardápio [foram retiradas em 2009; abaixo o aspecto atual].

A coerência é máxima no biológico e no social: às 15 horas, indigentes esperam na porta a entrega da comida sobrante do dia.

Nesta ocasião encontramos pequenos detalhes negativos (pratos quentes não identificados, cadeiras meio incômodas) que consideramos parte do clima semi-rural. O sal, não refinado, é servido em colherinha, talvez uma forma de desestimular seu uso; pode-se optar pelo gersal (ou gergessal), condimento salgado à base de gergelim.

O Teia Ecológica abriu em 1997, e funciona desde 2000 defronte ao Central Park pelotense (Praça Osório, 63). As funcionárias recordam que, quando da filmagem de uma série da Globo, alguns atores vinham almoçar todo dia no restaurante vegetariano de Pelotas.

O almoço é servido das 11h às 14h30, de segundas a sábados. No mesmo local, a Cooperativa vende pão, cereais, bebidas e outros produtos agroecológicos.
Fotos: F. A. Vidal

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