quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cristais ressignificados

Tânia Bellora apresenta até 15 de outubro a série "Cristais", fotografias em que explora efeitos de cores e luminosidades sobre objetos de pequeno tamanho. A exposição se encontra na galeria de arte do campus I da UCPel.
Formada em Direito, Tânia exerceu como advogada e juíza de paz entre 1973 e 1983. Iniciou o curso de Arquitetura em 1998, passando a atuar na área da construção civil desde 2000. As experiências artísticas como fotógrafa iniciaram em 2008, e desde então vem participando em amostras coletivas e individuais.
Mais ousada que nos primeiros trabalhos, onde brincava com luminosidades aleatórias, em "Cristais" a artista joga ativamente com texturas, cores e ângulos de aproximação, entre outros efeitos visuais. Ela experimentou com meia dúzia de objetos e vidros coloridos, obtendo daí algumas centenas de imagens, que recordam manchas de tinta ou até mesmo figuras desenhadas intencionalmente, mas que são na verdade obtidas por simples exploração.
Desta vez, Tânia acrescenta um detalhe que contribui à interação entre o espectador e as obras: ela expõe, junto às fotografias, aqueles objetos que lhe serviram de inspiração (cacos, um vidro de perfume, uma minúscula escultura de uma figura humana).
Não fica totalmente claro como aqueles pedaços de vidro sem formas claras se transformaram em imagens com personalidade própria. Um deles, por exemplo, colocado sobre uma boca de fogão (esq.), ganhou um aspecto impressionante, sugerindo até conteúdos simbólicos.
Segundo Tânia contou à reportagem da UCPel, em sua percepção os cristais sempre lhe despertaram uma ligação com a beleza e a pureza da vida. Ela diz ter encontrado na terra, como lixo, pedaços de vidro que “brilhavam como verdadeiros cristais”, e foi nesse momento que se iniciou um novo processo de criação fotográfica.
A visão da artista reuniu uma habilidade desafiadora, para provocar sensações novas, e uma capacidade poética, para transformar coisas descartadas, aparentemente inúteis, em imagens de interesse estético.
Em conversa improvisada no corredor da galeria, Tânia me contou que suas inovações criativas têm relação com a busca de uma nova página de sua vida. Após a morte de um filho, a dor foi superada gradualmente com a visão renovada de si mesma e do mundo, em que até mesmo os cacos desenterrados rendem imagens estimulantes, ressignificadas de modos mais positivos.
Fotos de F. A. Vidal

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