segunda-feira, 14 de junho de 2010

Capelo Gaivota pelotense

Fernão Capelo Gaivota é um inconformista talentoso que entra em conflito com sua comunidade tradicionalista. Inicialmente sozinho em seu desejo de voar melhor, ele encontra um novo grupo, onde consegue desligar-se das pressões sociais e aprende a crescer sem limites. Finalmente, ele volta a seu lugar de origem, para aprender a perdoar e a reconciliar-se com o passado.

Com poesia, o americano Richard Bach reciclou conceitos budistas, do idealismo filosófico e do hippismo. Eu gostava dessa fábula moderna, mas não a ligava com nossa realidade nacional ou local. Talvez pelo estilo muito norte-americano, ou por sua riqueza universal, sem conexões históricas ou com espaços concretos. Ou até pelas fotos do livro, sem graça, quase abstratas.

O nexo que faltava foi trazido por Eduardo Devens, que fotografou a Colônia Z-3, um ambiente natural onde existem - tal qual o livro descreve - pacatas gaivotas vivendo sem ambições, muito apesar da liberdade e de suas habilidades para voar.

O fotógrafo apresentou a série “Fernão Capelo Gaivota pelotense” em setembro de 2008 no Hospital da FAU (veja a nota original).

Aparentemente inocentes, estas imagens enriquecem seus significados com trechos do livro e nos provocam a reflexão, como se elas fossem sobre nós mesmos.

Devens fotografa como passatempo e trabalha como médico. Como artista, ele já organizou amostras de seu hobbie, como “Beleza Pelotense” (2006). Mas neste grupo de 13 fotos é o médico que expressa, nos corredores de um hospital, uma mensagem tranquilizadora para pessoas em situação sensível.

As aves estão aqui dentro, voando ou pousadas, livres ou ancoradas, pelo céu ou no subterrâneo. O texto já sugere que nós somos como aves, mas estas fotos nos fazem pensar sobre a saúde e a doença, sobre o pessoal e o coletivo, sobre Pelotas e o universo.

Aves que são pelotenses. Pelotenses que vivem como gaivotas.

Haverá um Fernão entre elas? Entre nós?
Fotos de E. Devens (1) e F. A. Vidal (2-3)

2 comentários:

Anônimo disse...

"Finalmente, ele volta a seu lugar de origem, para aprender a perdoar e a reconciliar-se com o passado.[...] pacatas gaivotas vivendo sem ambições, muito apesar da liberdade e de suas habilidades para voar.[...]As aves estão aqui dentro, voando ou pousadas, livres ou ancoradas, pelo céu ou no subterrâneo. O texto já sugere que nós somos como aves, mas estas fotos nos fazem pensar sobre a saúde e a doença, sobre o pessoal e o coletivo, sobre Pelotas e o universo.[...]Aves que são pelotenses. Pelotenses que vivem como gaivotas. Haverá um Fernão entre elas? Entre nós?"
Nossa, Francisco! Pegaste o "ponto nevrálgico" dessa dualidade: liberdade/prisão; Mundo/Pelotas. Ou pode ser o contrário?
Adorei! Parabéns pela matéria! Estavas inspiradíssimo! Te prepara para receber um e-mail, rsrs! Bj, Tê!

Anônimo disse...

Acredito q existam muitos Fernãos em todos os lugares..Sendo banido do bando ou banindo o bando p então evoluir!! E ai sim voltar e perdoar o passado!!Isso p quem quer voar alto lógico!!! Vejo isto de forma simples. Abraços Mirian