sexta-feira, 28 de maio de 2010

Alguém nos ama (Nietzsche?)

O papel da foto acima encontra-se colado no tapume da obra que reforma o antigo casarão do Sallis Goulart e Ginásio Pelotense, pela Rua Tiradentes. A mesma imagem está no blogue do Camafunga (janeiro 2008) e no fotolog de Paulo Momento, ambos de Pelotas. Em nossa cidade há vários nietzscheanos, especialmente na Filosofia da UFPel, mas não se sabia de uma devoção tão quase-cristã como esta.

A frase "Nietzsche te ama" - ironia paradoxal da filosofia - também apareceu há uns dias no twitter de Richard Brodt, outro pelotense, que deve ter visto este anúncio na rua. Em inglês (Nietzsche loves you), o Google informa como sendo o título de uma palestra na Suíça (abril 2009) sobre o filósofo alemão e o nome de uma peça em um ato, escrita pela norte-americana Kelsey Gipe (s/d).
Foto de F. A. Vidal

3 comentários:

Anônimo disse...

Não seria um pouco exagerado...? Sei não...
.....
E Nietzsche "se amava"? Seria possível amar a si próprio quando a irmã Elizabeth o controlava nos mínimos atos? Quando Lou Salomé o rejeitou mas, insistentemente, seu desejo era sempre se jogar em seus braços? E por aí vai...
........
Post interessante, Francisco, sobretudo para refletirmos a própria noção de "amor" na nossa sociedade...! Bj, Tê!

Francisco Antônio Vidal disse...

A frase alude a Jesus e seu amor, questionado pelo nietzscheano. No mérito filosófico da questão, o amor cristão exalta a atitude de humildade, vergonhosa e destrutiva segundo o depressivo e angustiado alemão.
O assunto deu para um livro, que não esgotou a polêmica (Quando Nietzsche chorou, de Irvin Yalom). Tb é filme de 2007.

O comentário de Paulo Momento:
- Jesus ama os fracos que dão a outra face! Nietzsche ama os espíritos livres, como eu e você!
Concordo que, se analisarmos QUEM está falando, quando e onde, poderemos entender o conteúdo e a forma do discurso humano.
Mais além do filósofo europeu, o mais interessante agora é que esta discussão ocorra em Pelotas.

Anônimo disse...

Olá, Francisco Antônio! Ressaltei no final do meu comentário: "Post interessante, Francisco, sobretudo para refletirmos sobre a própria noção de "amor" na nossa sociedade...!".

Aliás, tu também pareces ter questionado acerca dessa concepção pois, no título do post, empregas um ponto de interrogação, como talvez a querer expressar certa perplexidade: quem...? Nietzsche?! (Aqui, usei os dois sinais para evidenciar essa possível perplexidade).


Por óbvio que o enunciado remete ao discurso religioso. Essa leitura é "uma" leitura possível. Mas não exclui a hipótese da leitura feita por mim, mesmo que eu não tenha linkado o comentário de Paulo Momento.

Por certo também que sei o tal livro ter se transformado em uma espécie de "best-seller", bem como Nietzsche ter sido/ser o "filósofo da moda", além de haver sido produzido um filme sobre sua vida (há alguns vídeos com cenas do filme no Youtube e o filme foi muito bem divulgado na época de estreia).

No entanto, o que tentei salientar foi a contradição em "ser amada/o" por alguém que, parece, nunca "se amou". Em síntese: serve de "modelo" de amor ao próximo alguém que não ama a si mesmo?

Será que fui mais clara?

Em tempo: "Não seria um pouco exagerado...? Sei não...", enunciado inicial do meu comentário, É UMA IRONIA. É bom explicitar, não?

Bj, Tê!