domingo, 22 de novembro de 2009

Bate-papo com Hilda Simões Lopes... deu certo

No folheto de programação da 37ª Feira do Livro constavam 15 bate-papos entre escritores e o público.

A atividade, inovação deste ano, estava pensada para valorizar o lado mais vivo da literatura, quando o leitor se vê ante o ser humano que escreveu as palavras impressas no livro e o escritor se enfrenta a quem o leu ou deseja ler. Tudo seria feito pela emoção e pelo prazer de conversar e descobrir coisas novas no diálogo, sem custos de nenhum lado, nem por passagens nem por cachê.

Mostrando quão imatura se encontra esta ideia - no público, nos organizadores e até mesmo nos escritores - somente um desses 15 encontros se realizou, no domingo 8 de novembro. O público não conhecia muito os escritores, a produção não fez boa divulgação e inclusive alguns autores não chegaram aos bate-papos. Ainda por cima, São Pedro mandou chuva, como assumindo a culpa de que os encontros não se realizassem (uma ajudinha de cima para tapar erros humanos).

Na quarta 11, assumido o fracasso da atividade como um todo, programaram-se mais duas conversas com o público. E destas somente a segunda se realizou:

  • no sábado 14, estavam o escritor e o público, mas a própria produção da Feira redistribuiu o uso dos dois lugares disponíveis, usando-os para várias atividades simultaneamente às 18h: uma homenagem ao fundador Gilberto Duarte, duas sessões de autógrafos e o bate-papo (que levou a pior);
  • no domingo 15, com a patrona Hilda Simões Lopes. O público e a escritora chegaram na hora, a coordenadora de autógrafos fez uma breve apresentação e logo a experiente professora conduziu ela mesma a conversa, durante uma hora (veja a nota no Diário Popular).
Na primeira meia hora, Hilda falou especialmente de como ocorreu a criação de seu último livro, "A Anatomia de Amanda", escrito para aproximar o público leitor à obra de Clarice Lispector.

Após, levantou-se e convidou a quem quisesse participar, usando o microfone, e a segunda parte também passou depressa; dos trinta presentes, cerca de um terço perguntou ou comentou algo. Minha pergunta foi sobre a convergência entre ela e Benedetti, e a resposta apontou a que ambos buscam fazer literatura engajada (mesmo que definindo "compromisso" de formas diferentes).

A situação foi incomum, pois normalmente os escritores requerem uma mediação, até porque as mesas de bate-papo (pelo menos como a produção planejou nesta Feira) se constituem com dois ou mais autores, e nem sempre o público sabe o que dizer de obras que ainda não leu ou de autores que recém estão publicando uma primeira obra.

Apesar dos fatores contrários - como a pouca publicidade e a improvisação - restam a experiência positiva, a honra de ter conversado com a patrona da Feira, e o modelo de como se faz uma boa conversa sobre literatura.
Foto de F. A. Vidal

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