sábado, 6 de junho de 2009

Cinema, gastronomia e educação

Na reunião cultural de maio, a Sociedade Científica Sigmund Freud convidou a professora de francês Maristela Gonçalves Sousa Machado, que expôs sobre as relações entre o cinema e a gastronomia, especialmente no filme "A Festa de Babette".
Mestre e Doutora em Letras pela UFRGS, Maristela começou falando sobre a importância do texto fílmico - que trabalha imagem, palavra e sonoridade - para a educação do pensamento. Segundo dados de 2007, 14% dos brasileiros vão ao cinema com alguma frequência, sendo que 60% nunca foram. Em Pelotas, sabe-se somente de uma escola que usa este recurso educativo, no Laranjal.
Relacionando imagem, palavra e sabor, a professora (dir.) trouxe uma lista de filmes e cenas famosas em relação com a cozinha e seus significados humanos (os presentes colaboraram, em diálogo com a expositora): "Como água para chocolate" (1992), "Comer, beber, viver" (1994), "A teia de chocolate" (2000), a comida chinesa em "Blade Runner" (1982), a refeição com a sola de sapato, em "Tempos Modernos" (1936), os pepinos em conserva de "Adeus, Lênin" (2003), o namoro com a garçonete em "Melhor Impossível" (1997).
"A festa de Babette" (1987) é um filme dinamarquês, dirigido por Gabriel Axel, baseado no livro da baronesa Karen Blixen (1885-1962). No original em dinamarquês e em todos os idiomas em que foi traduzido, o título traz a palavra "festim", no sentido de "banquete" - só em português ficou como "festa". A escritora (esq.) é mais conhecida pelo livro autobiográfico "A fazenda africana", também filmada ("Entre dois amores" ou Out of Africa, com Meryl Streep).
A comparação entre o livro e o filme é um verdadeiro festim para os sentidos e o espírito. Observa-se a concisão do texto escrito, numa aspereza que sintoniza com a aridez do ambiente rural onde se situa o banquete. Mas a riqueza de sabores, que é impossível mostrar no cinema, aparece na linguagem fílmica, como movimentos e pausas, cores e sombras, vozes e omissões.
A palestra teve que terminar deixando um gosto de querer mais; era somente um aperitivo para seguir pesquisando e desfrutando do cinema e suas delícias menos visíveis.
Um livro de referência é "O cinema vai à mesa - histórias e receitas", de Rubens Ewald Filho e Nilu Lebert, que a professora trouxe para que ficássemos ainda com mais água na boca (dir.). Os autores entregam as receitas de pratos doces e salgados que aparecem em alguns filmes, como por exemplo "Maria Antonieta" (2006).
Fotos da web (1 e 3) e F.A. Vidal (2 e 4).

Nenhum comentário: